Como a pandemia mudou esta perspectiva de análise?

Ao pensar em avaliação, qual é a primeira ideia que vem a cabeça, provas de alternativas, trabalhos em grupo ou individuais e diversas outras análises de cunho métrico, que supostamente serviriam para designar a evolução de um aluno, perante a perspectiva de um currículo.

De acordo com INEP que padroniza e mede o índice de desempenho da educação básica, uma prova de múltiplas escolhas pode refletir o cenário da educação perante a população de estudantes do Brasil. E assim ele o faz com uso da Prova Brasil que é realizado a cada 2 anos. Juntamente com a análise da Provinha Brasil para validar o nível de alfabetização das crianças em fase de alfabetização. Estes índices seriam mesmos dados confiáveis para medir a capacidade de nossos estudantes?

Este questionamento veio à tona no período de pandemia, com a educação por ferramentas remotas os critérios de avaliação da população de estudantes tiveram que ser replanejados. Instituições com fórmulas tradicionais de educação, que trabalhavam as aplicações de métricas numéricas e metodologias objetivas, não tinham como avaliar seus alunos em ambientes controláveis livres de contaminação como era no modelo tradicional.

Sem este controle ambiental o caminho mais racional para o avaliador é observar as habilidades em forma de competências. A professora Ana Valéria de Sampaio sugere no webinar da STHEM, que devemos dividir a aula em três momentos, a pré aula que consiste em um momento de preparo de material onde os alunos vão coletar informações para um dialogo com base me um tema curricular, já em um segundo momento teremos o dialogo sobre o material coletado, onde os alunos vão utilizar suas habilidades interpessoais para defender sua hipótese baseada no escopo pesquisado e por fim o pós aula que é um momento onde o professor irá expor as ideias traçadas de forma acadêmica aos alunos e formular uma conclusão mediada por ele ao tema proposto como eixo da aula.

Existem metodologias de educação baseadas em projetos ou ambientes de estudo, que podem sim mudar a perspectiva de avaliação e desempenho, exemplos como da escola estadual Complexo 3 em Planaltina (GO) mostram que sim podemos promover o ambiente de educação de maneira organizada e a distância, projetar o uso do laboratório de química ou mostrar resultados e promover o debate dos caminhos utilizados para chegar até aquele ponto, são meios eficazes de avaliar a capacidade criativa e a habilidade de formação de hipóteses, metodologias como a STEAM podem ajudar o professor a usar o ambiente e as tecnologias a seu favor e planejar para o aluno um projeto que será avaliado mais pelo desenvolvimento da solução de um problema, do que exatamente uso de padrões de cobranças com os alunos. 

Desenvolver aplicações com contexto de problemas reais, podem avaliar capacidades bem mais importantes do que exatamente o encaixe do aluno em padrões acadêmicos. Na construção de uma horta, podemos avaliar quase todos os 9 campos da inteligência e combiná-los de forma relevante para cada um dos alunos, sem especificamente exaltar um conjunto de habilidades alinhado com padrões como uma prova o faria.

Tais ferramentas serão extremamente uteis, mas para que sejam realmente válidas precisaremos de estimular a criatividade para a soluções dos projetos ou a formulação. Assim a pandemia trouxe uma realidade a qual era necessária para o ambiente de aula, com períodos de reclusão social as atividades de mídia foram dando espaço ao ócio, e muitos alunos segundo Maíra Maia do Laboratório Inteligência de Vida, mostraram maior atividade criativa e inventiva.

A criatividade é uma necessidade na solução e ideação de projetos e principalmente no atendimento de demandas modernas. Trabalhos pós os anos de 2010 que mais são procurados no mercado, estão ligados a criatividade, são exemplos desenvolvimento de softwares, redação para pautas de conteúdo, prototipagem de serviços e produtos e gestão de projetos, precisam essencialmente de soluções criativas, estas que não podem ser substituídas facilmente por máquinas ou outros tipos de tecnologias. O tempo em casa com atividades de cunho leve e mecânico ajudaram a despertar cada vez um número maior de alunos mais criativos e imaginativos que devem ser considerados pelo professor no processo de avaliação.

Por conclusão avaliar um aluno precisa seguir elementos básicos do processo de formação humana. A pandemia mostrou que índices não são capazes de indicar realmente a produtividade humana e que precisamos organizar o processo de aprendizagem usando inevitavelmente as ferramentas tecnológicas. E para este tipo de avaliação estimular o pensamento criativo com organização do tempo e utilizando metologias de ambientação e projetos é essencial para obtermos sucesso na validação da evolução do aluno.

Outro fator importante é retirar a pressão de aprendizagem do aluno e permitir a estruturação de tempos de reflexão entre as atividades, este ócio controlado trará mais ideação de soluções e motivação a inovação desde os primeiros anos da educação. O ócio criativo deve ser utilizado como ferramenta de resiliência educacional e capacidade de desenvolvimento de habilidades interpessoais. Assim deixando de lado o padrão de valorizarmos demais alguns tipos de inteligência e negligenciarmos outros.

Créditos de dados e referências:

Avaliações da aprendizagem – Ministério da Educação (mec.gov.br)

Avaliação do aluno em aulas remotas deve seguir critérios do ensino por competências – STHEM Brasil

Existe espaço para a criatividade no isolamento social? – PORVIR

Criatividade e ferramentas on-line são saída para ensinar na quarentena (correiobraziliense.com.br)

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